terça-feira, 23 de março de 2010

Vendo as palavras



A vida dos escritores nunca é tão badalada quanto à de atores, cantores ou outras celebridades, nem sempre eles são tão interessantes quanto sua obra. Isso também se deve ao fato de muitos deles não quererem a fama, alguns sendo reclusos a tal ponto que sua aparição vira um acontecimento. Caso do escritor Rubem Fonseca que surgiu dia 11 de março para contribuir em uma atividade inusitada: alimentar sua pupila, Paula Parisot.
Depois de ler a notícia fiquei muito curiosa não só com essa vida dos escritores (que vou deixar pra outro post), mas principalmente com a performance dessa jovem escritora. Paula ficou em “cartaz” na Livraria da Vila em Pinheiros, São Paulo, dentro de uma caixa de acrílico por uma semana para divulgar o lançamento de seu romance “Gonzos e Parafusos”. A escritora foi alimentada cada dia por uma pessoa importante em sua vida (já que só podia sair da caixa para ir ao banheiro, ficando lá inclusive depois que a loja fechava) que contou com sua mãe, o marido, Rubem Fonseca (seu mentor literário), entre outros. Eu achei genial fazer essa interação dela justamente dentro de uma livraria porque era um incentivo para quem gosta de ler, e quem não gosta muito, de ver que um personagem pode ser tão complexo e interessante quanto uma pessoa de verdade (acho que não foi esse o objetivo,mas gostei disso), e que sem as palavras podemos ser bem mais instintivos (Paula Parisot precisava rir, pular,chorar e outras emoções para demonstrar o que estava sentindo), mas que as palavras podem ser um canal da descoberta de grandes coisas.
Não sei se estou muito interessada pelo livro que foi lançado ao fim da performance, mas com certeza a iniciativa me provocou novas reflexões sobre o papel do escritor e se ele apenas deve produzir em seu canto ou interagir de uma forma mais dinâmica e interrogativa. O que vocês acham? Para quem diz que o livro está morto com o nascimento do Kindle e outros leitores eletrônicos podem ver o surgimento de uma nova forma não só de ler, mas de perceber. Acho que as noites de autógrafos vão ficar bem mais interessantes hein?!

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