sábado, 2 de outubro de 2010

"Meu filho vai ter nome de santo"

Eu converso muito com meus amigos sobre todo tipo de coisa, e acho engraçado que a reação de homens e mulheres as vezes é diferente em determinados assuntos, como esse, mulheres que optam por não ter filhos, eles não acham nada de mais e elas ficam chocadas! "Como você pode não querer filhos? É a coisa mais linda, a realização na vida de uma mulher". Eu discordo. Muita mulher tem filho, ou porque deseja ou porque cede aos apelos do marido, da família e da sociedade, mas nem sabe se tem vocação, se tem preparo pra isso. Ter filhos não é fácil, é preciso condição para criá-lo bem, dar boa educação e ter preparo emocional porque você pode estar formando um ser humano ou um monstro. Não acredito que alguém pode nascer mau, é a vida, a educação.
Também acho muito triste essa coisa de filho ser a maior realização de uma mulher porque ele vai crescer, vai embora e você fica com o que? O filho não é seu, ele é um ser autônomo. Ter um filho com esse tipo de expectativa é ruim e frustração certa, mas a gente ouve isso o tempo todo e começa a acreditar, "vai ser bom, eu vou ser feliz" e não é. Depressão pós-parto tá aí pra provar isso, gravidez não é sinônimo de felicidade e realização.
Sempre que falo que não desejo ter filhos todo mundo olha com aquela cara condescente: "ah, mas você é tão jovem, ainda vai mudar de ideia!", olha, posso até mudar (não acredito em certezas absolutas), mas me conheço bem o suficiente para saber que não tenho estrutura emocional e psicológica para lidar com um filho, ser culpada se não souber criá-lo. As pessoas acham filhos lindos, mas esquecem da parte difícil, parir é imensamente fácil perto da ideia de passar uns 15/20 anos moldando um ser humano.
Acho muito irritante essa mania da sociedade de dizer como devo ser, se devo ou não ter filhos, se posso ou não casar (outra coisa impensável de ser dita numa roda de mulheres) e de me condenar quando minhas escolhas não são as pré-estabelecidas. Da minha vida cuido eu!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Eu sou igual a você

Quando você se assume ativista de algum movimento não pode mais se dar ao luxo de ser ingênuo, quando você tenta fazer as pessoas serem mais reflexivas e críticas precisa saber que vão usar isso contra você, que vão avaliar cada atitude sua, e algumas coisas se tornam inadmissíveis.
Me posiciono como feminista e “ativista” (apesar de não ser muito ativa) do movimento GLBT e isso é reafirmado cada vez que faço uma pergunta na faculdade, quando protesto sobre algo que considero injusto. As pessoas sempre me olham e sabem que lá vem alguma coisa, eu tento mexer com elas e isso resulta numa exposição de quem eu sou e dos erros que cometo.
Hoje durante minha aula (no curso) de inglês o professor fez um comentário sobre um vídeo que está fazendo muito sucesso na internet pelos trejeitos que um entrevistado faz, como eu já tinha visto estava tentando explicar como era e acabei soltando “o cara fala muito engraçado, fica balançando a cabeça daquele jeito americano e ele é gay!”. Na mesma hora eu me senti muito mal, achei aquilo um absurdo imenso, logo eu que adoro bater no peito e falar que sou contra todo tipo de estereótipo fiz exatamente igual às pessoas que critico tanto! Eu não sou melhor do que elas e nem nunca tentei ser, sempre que incorro numa situação dessas fico pensando que é preciso estar atento, toda hora as pessoas fazem piadas com os gays, com as mulheres, os gordos e acaba criando a impressão de que é normal, de que eles são mesmo divertidos.
A única maneira que encontro de me diferenciar dessas pessoas é quando me censuro, quando percebo que estou errada e conserto, me modifico. Ninguém é perfeito ou politicamente correto o tempo todo. Não dá. Mas dá sim pra tentar mudar, pra tentar ser diferente e saber que ser um exemplo de contestação, de mudança e de senso crítico é muito bom mas também é muito trabalhoso porque você quando se posiciona acaba sendo muito mais cobrado e precisa ter cuidado com as palavras. Ninguém disse que seria fácil. Nem eu ia querer se fosse.

domingo, 19 de setembro de 2010

"Eu não nasci de óculos. Eu não era assim"

Eu li todos os textos que estão no concurso de blogueiras da Lola e me deu uma vontade enorme de escrever mesmo não podendo mais participar, e bateu porque via todas as mulheres dizendo que sempre se sentiram feministas, que sempre souberam e achei importante mostrar o outro lado. Eu nunca me senti feminista. Eu não sabia.
Todas as minhas lembranças de criança são flashs comigo dançando jazz, brincando hooooras de boneca (e criando as novelas mais Glória Perez imagináveis) e tentando convencer minha mãe a me deixar usar maquiagem.
A primeira vez que percebi que “não” era igual aos meninos aconteceu porque tinha um amiguinho que eu adorava e que morava na rua da minha avó, de uma hora pra outra ela disse que eu não podia mais brincar com ele porque meninas não podem ser amigas de meninos. Eu fiquei chocada e não conseguia entender o motivo. Perguntei. Ela me respondeu que não era bonito, que as pessoas podiam comentar e que eles eram brutos e tinham brincadeiras bobas.
Durante toda minha vida escolar eu usava óculos e tinha (tenho) uma miopia cavalar, ou seja, “quatro olhos”, nenhum menino gostava de mim, eles faziam brincadeiras o tempo e riam, riam muito de mim. Eu tentava de todas as formas entender a diferença entre a loirinha do cabelo liso e eu, eu não via, não conseguia perceber. Me achava mais inteligente, amiga, engraçada e simpática do que ela que sempre era maldosa e fofoqueira, mas ela sempre levava a melhor.
Nada disso me fazia refletir sobre a condição de mulher, eu sempre achava que eram os óculos, só isso. Durante um tempo acho que eu acreditei que era tudo aquilo que eles falavam nas novelas, que eu gostava de tudo aquilo que eles me vendiam nos comerciais, mas uma hora eu tive um estalo e percebi que o problema não estava bem debaixo do meu nariz, ele estava bem no meio das minhas pernas.
Eu comecei a ler sobre teoria feminista (preciso ler muito mais) e a conhecer o drama das mulheres no mundo, não podia mais negar, não dava pra fingir que eram os óculos ou meu cabelo ou minha altura. Hoje sempre que se fala qualquer coisa sobre mulher na minha frente meus amigos brincam, fazem alguma piadinha, mas acho importante falar sempre, falar muito porque só assim outras pessoas (e não é só mulher que pode ser feminista) tomarão consciência e começarão a questionar. É extremamente importante que as pessoas perguntem, analisem, leiam.
Sempre que me perguntam por que eu não faço escova, porque eu não uso maquiagem eu pergunto por que deveria, porque você deveria?

(ainda vou voltar nisso muitas vezes, mas por enquanto recomendo que você leia os posts do concurso para ver o mesmo assunto de infinitos ângulos)

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Eleições 2010 - parte 3

E finalmente a Globo entrevistou seu candidato! Eu estava ansiosa para ver se o nível das perguntas seria tão baixo quanto as feitas para as outras candidatas. Como esperado, não foi.Vimos um William Bonner sem sorrisinhos ou arrogância, muito simpático e compreensão afiada, Fátima Bernardes é que parecia mais interessada em manter a mesma postura. A primeira pergunta foi muito ingênua, dizer que o José Serra não critica o presidente Lula é de uma ingenuidade inaceitável para um jornalista, o ex-governador não sabe fazer outra coisa. Em 48 segundos o candidato não foi interrompido uma vez, pouquíssimas interrupções aconteceram e assim ele pode falar o quanto quis detalhadamente (isso não significa que falou bem, já que foi repetitivo e quando parecia estar apresentando váris argumentos estava apenas mudando as palavras). É muito óbvio porque ele diz que não se deve comparar os dois últimos presidentes, um foi extremamente impopular e outro é o queridinho do povo ou você não acha estranho que FHC só apareça pra falar de seu candidato em São Paulo? (se eu fosse comerciante, rica e visse meus interesses atendidos, como eles veem, eu também os apoiaria)
O mais engraçado foi ver o entrevistado defendendo seu vice, o deputado em primeiro mandato está apto a ser vice-presidente do Brasil, mas Dilma Rousseff que foi secretária, ministra e chefe da Casa Civil não está porque não tem experiência de eleição, e não venham (como Serra) me dizer que vice não é tão importante quanto o presidente porque é ele que fica em casa enquanto o outro viaja quase o tempo todo. A melhor parte é o final, quando William Bonner diz "me perdoe, mas preciso interrompê-lo". Dilma Rousseff e Marina Silva devem ter achado comovente!











link para a entrevista

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Eleições 2010 - parte 2

A entrevista com Marina Silva no Jornal Nacional foi muito diferente da anterior, o sorrisinho de William Bonner estava lá, mas sua arrogância foi mais comedida. Suas interrupções também marcaram presença (em número infinitamente menor), mas a candidata estava preparada (por com certeza ter visto a de Dilma Rousseff) e se mostrou segura quando não permitia que a interrompessem.
O apresentador parecia ter sérios problemas de compreensão porque fazia e refazia as perguntas mesmo depois que Marina as respondia. O mensalão não foi esquecido. Claro! E ela se saiu muito bem dizendo não ter sido conivente, mas não ter abandonado o partido acreditando que internamente seria uma agente de mudança mais eficaz, essa foi uma das perguntas que Bonner não entendeu porque repetiu três vezes.
Apesar de apoiar a candidata do PT, preciso reconhecer que Marina Silva se saiu melhor numa entrevista que poderia ter rendido muito pouco, já que os candidatos precisam se esforçar muito para conseguir falar (o que parece quase impossível). Mais uma vez preciso reclamar de uma entrevista que só faz perguntas com o intuito de constranger o entrevistado sem nenhum interesse real em suas propostas de governo.
É claro que a Globo deve considerar a candidata do PV "café com leite" porque está na disputa, mas sua participação será maior no segundo turno quando seus eleitores serão redirecionados para quem ela apoiar. Hoje promete!


aqui a entrevista com Marina Silva

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Eleições 2010 - parte 1

Eu odiei a entrevista com a Dilma Rousseff no Jornal Nacional porque todo mundo sabe quem a Globo apóia e que ela não é nada imparcial. A entrevista só durou 12 minutos e eles só perguntaram sobre o desempenho da candidata durante o governo Lula, deram apenas 30 segundos para que ela falasse de suas propostas! Os entrevistadores só fizeram perguntas capciosas e quando percebiam que ela estava respondendo bem mudavam de assunto, e faziam isso interrompendo a fala dela. Não gostei nada das perguntas e o William Bonner usava uma expressão de quem está se divertindo e isso visivelmente deixava a entrevistada nervosa.


Eu gostei do que a Dilma falou e de como se defendeu, a comparação que eles tentaram estabelecer com a Colômbia e a Venezuela com tamanho e políticas diferentes da nossa, nesse caso eles precisaram citar a Rússia, mas a ex-ministra precisou lembrá-los que a crise mundial foi infinitamente maior lá do que aqui.

Para aqueles que se importam Dilma estava bem elegante, mas o rosto brilhava demais (chamou atenção até da minha mãe que não se importa) e acho que as maquiadoras da Globo não devem ter feito nada para melhorá-la, para que ela ficasse com aparência de muito nervosa ou para as mulheres que dão importância pudessem falar mal. Afinal, a beleza ou a falta dela é fundamental para se governar um país, mas isso não é válido para os homens.

Pensei que uma semana inteira seria para cada candidato, um tema por dia, mas quando eles falaram que amanhã será a vez de Marina Silva entendi que eles estão fazendo uma prévia para o adorável debate que eles devem estar preparando. Espero ansiosamente pela quarta-feira.



aqui a entrevista para quem não viu

Postando.....

Eu leio muitos blogs e os frequento quase todos os dias. Aí surge um tema bacana, tá todo mundo falando sobre, mas eu acho que só comentar no post alheio não é suficiente, sinto que não consigo falar tudo que eu quero, mas ao mesmo tempo não consigo manter aquela constância que admiro tanto nesses tais blogs. Por isso tô tentando voltar! Adoro esse canto tão pequenininho que nunca tem nada nem ninguém!
Estamos recomeçando os trabalhos...