sábado, 13 de março de 2010

Os heteronormais



Quem nunca chamou um amigo de “viadinho”, “queima-rosca” e afins? Os homens sempre querem ofender seus amigos chamando eles dessa forma, porque eles acham isso ofensivo. Desde muito pequenos os meninos ouvem que não podem chorar porque isso é coisa de “bichinha”, que não podem ficar abraçando muito porque isso é coisa de “mulézinha” (e eu sei bem disso, pois tenho irmão pequeno em casa e meu tio vive dizendo essas barbaridades para a criança).
É claro que depois de ver “Milk” deu pra perceber que a situação dos GLBT melhorou, ou será que não? A mania do politicamente correto fez as pessoas se tornarem menos naturais e a se comportarem como é mais socialmente aceito, nem sempre coincidindo com sua opinião real. Mesmo as pessoas que dizem aceitar, que gostam dizer “olha, eu não sou preconceituoso, tenho até amigos gays!”, tem certos comportamentos involuntários de discriminação.
Meu namorado, por exemplo, sempre quando vai falar de um amigo nosso usa “aquele nosso amigo gay” e quando vai falar de outro rapaz “aquele nosso amigo de Petrópolis”. Ele tentou se justificar dizendo que é para as pessoas poderem imaginar melhor o amigo do qual falamos, e isso incorre em outro erro, o estereótipo. Quando forem imaginar esse meu amigo vão pensar logo no padrão de novela da Globo, o efeminado.
Essa heteronormatividade, essa mania de achar que isso é anormal, anti-natural é que fez com que só em 2009 fossem assassinados 198 homossexuais (dos quais 117 eram gays, 72 travestis e 9 lésbicas) de acordo com o Grupo Gay da Bahia. Você pode imaginar que quase 200 pessoas morreram apenas por sua opção sexual? São pessoas que não têm direito a beijarem seu parceiro num ponto de ônibus para se despedir, que não podem visitá-lo porque não são considerados da família.
A questão aqui discutida é a de que a homofobia é inaceitável, pois não dá pra você julgar uma pessoa pelos seus relacionamentos ou preferências entre quatro paredes, isso não afeta seu caráter ou comportamento social (muitas vezes mais civilizado do que o de um homem “normal”). Até porque, precisaríamos nos preocupar muito mais com esses homens violentos e preconceituosos e o que vão passar para seus filhos do que seres humanos que só querem garantir seus direitos.

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